Orca Slicer 2.3.1: o que há de novo (e como usar) para turbinar sua impressão 3D

O Orca Slicer segue acelerando a inovação no universo dos fatiadores. A atualização 2.3.1 traz controles de infill muito mais flexíveis, atalhos reais pra ganhar rigidez sem aumentar tempo de impressão, novos testes de calibração sem acelerômetro e melhorias de acabamento/fluxo de trabalho que facilitam a vida no dia a dia.
Dica rápida: ative o modo Avançado para enxergar a maioria dos recursos descritos abaixo.
Conteúdo
1) Rotação de Sparse Infill por camada (template de rotação)
Agora dá pra mudar o ângulo do infill ao longo da altura da peça, criando padrões alternados ou progressivos.
Onde fica: Força › Infill › Sparse infill rotation template
Como usar (exemplos):
- Lista simples:
0,45→ alterna 0° e 45° a cada camada, gerando padrão “diamante”. - Trinca de ângulos:
0,45,135→ repete 0°/45°/135°. - Incremento por camada:
+1→ adiciona 1° por camada (efeito “hipnótico” e distribuição angular ampla). - Faixas da altura:
45-38%,0-31%,-30-31%→ define 45° nos primeiros 38% da altura, 0° nos próximos 31% e −30° no restante.
Aplicação prática: alinhar o infill a regiões críticas (vigas, pontes, “pontas”) pra maximizar resistência com baixa densidade.
Atenção (contras): toda mudança de ângulo pode gerar sobreposição imperfeita entre linhas de infill; se aparecer “vão” no preview, vai aparecer na peça. Ajuste ângulo/densidade/espessura até fechar bem.
2) Fill Multiline: infill com múltiplas passadas
Até então, o infill era 1 única extrusão por traço. Com Fill Multiline, você cria faixas de infill compostas por 2, 3, 5… linhas paralelas — tipo “perímetro do infill”.
Onde fica: Força › Infill › Fill multiline
Exemplo de ganho: reduzir a densidade de 15% pra 5% e subir o multiline pra 5 pode cortar tempo de impressão e ainda rigidificar o miolo. Um meio-termo comum: 10% de densidade com multiline 3.
Prós:
- Mais rigidez com menos material/tempo.
- Funciona com vários padrões (rectilinear, gyroid etc.).
Contras:
- Pode afetar trajeto/tempo dependendo do bico/line width; valide no preview.
3) Insert Solid Layers: camadas sólidas intermediárias sob demanda
Perfeito pra evitar topos “no ar” ao iniciar um novo patamar interno (bolsões, rebaixos, canais) e pra reforçar zonas estratégicas sem encher tudo de infill.
Onde fica: Força › Avançado › Insert Solid Layers
Como usar:
- Intervalo periódico:
50-2→ a cada 50 camadas, insere 2 camadas sólidas. - Alturas específicas: liste camadas (ou alturas) separadas por vírgula onde você quer a camada sólida antes de um novo recurso geométrico.
Prós:
- Melhora suporte interno e a qualidade do topo de features internas.
- Aumenta resistência segmentando o infill.
Contras:
- A transição infill → sólido pode marcar levemente as paredes externas (Z-banding). Dá pra mitigar com velocidade/fluxo/temperatura e espessura de casca.
4) Fuzzy Skin “pintável” + novos modos (displacement, extrusion e combinado)
Agora você escolhe onde aplicar fuzzy skin com o pincel, e também como o efeito é gerado:
Onde fica:
- Botão Paint on Fuzzy Skin (barra superior) pra pintar regiões.
- Aparência › Fuzzy Skin: modos Displacement, Extrusion e Combined; tipos de Noise (classic, billow, voronoi etc.).
Diferenciais:
- Extrusion-based: em vez de “sacudir o perímetro”, varia a largura do traço → textura mais sutil.
- Combined: mistura os dois, mantendo “pegada” de pedra porém mais “uniforme”.
Use quando: quiser texturas orgânicas tipo pedra/mármore (combina muito com filamento marble) ou pra “disfarçar” pequenas imperfeições de paredes.
5) Novos testes de Input Shaping sem acelerômetro
Antes: torre de ringing, medir espaçamento, calcular frequência. Agora o Orca gera torres que varrem a frequência automaticamente (Marlin ou Klipper), você olha a altura com melhor superfície e lê o valor direto do G-code.
Fluxo em 2 etapas:
- Frequência: gere a torre com faixa de varredura; identifique a altura mais limpa; capture a frequência no G-code.
- Damping: rode a torre variando apenas o damping ao redor da frequência ideal; escolha o melhor.
Resultado: valores práticos de input shaping sem precisar de sensor.
6) Resonance Avoidance (pra quem não tem IS no firmware)
Se sua máquina/firmware não suportam input shaping, ative Resonance Avoidance e informe a faixa de velocidades a evitar.
Onde fica: Printer Settings › Motion Ability › Resonance Avoidance
Como descobrir a faixa ruim: execute o VFA test (torre com velocidade crescente), imprima e ache a região com VFAs mais fortes (banding fino). Sete o mínimo/máximo pra pular essa janela problemática.
7) Remap Filament: remapeie cores em modelos pintados
Modelos “pintados” (um STL com 2, 3, 4 cores) agora podem ter as cores trocadas em 1 clique, sem repintar manualmente.
Onde fica: selecione o modelo › Color Painting › Remap Filament
Como usar: clique na cor original, escolha a nova, aplique Remap. Pronto.
Perfeito pra: ajustar paletas em multicor/AMS/CFS rapidamente, sem caça a ilhotas não pintadas.
Dicas de uso (ganhos rápidos)
- Peça funcional leve e rígida: 8–12% infill + Fill Multiline 3; alinhe o ângulo (rotação de infill) às cargas principais.
- Topo interno perfeito: identifique a camada do rebaixo/bolsão e insira 1–2 camadas sólidas logo abaixo.
- Textura premium em PLA Marble: fuzzy skin Combined + Noise “voronoi” ou “billow”.
- Sem acelerômetro? Faça a dupla Input Shaping tower (freq + damping) e/ou habilite Resonance Avoidance com base no VFA test.
- Tempo vs. força: densidade menor + multiline costuma dar melhor rigidez/tempo que só aumentar % de infill.
Prós e contras resumidos
Prós
- Controles finos de orientação do infill (força onde importa).
- Fill Multiline entrega rigidez com menos densidade/tempo.
- Insert Solid Layers resolve topo em “ar” e reforça zonas críticas.
- Fuzzy skin pintável e modos mais elegantes de textura.
- Calibração de input shaping simples, sem hardware extra.
- Resonance Avoidance e VFA test melhoram a qualidade em máquinas sem IS.
- Remap Filament acelera fluxos multicor.
Contras
- Rotação de infill pode gerar áreas fracas se a sobreposição falhar (confira no preview!).
- Inserir camadas sólidas pode marcar a parede (mitigável).
- Multiline altera rotas e pode exigir ajuste de largura de linha/fluxo.
Checklist pra não esquecer
- Ativar Avançado.
- Visualizar gaps no preview ao usar rotação de infill.
- Validar tempo x rigidez com Fill Multiline (2–3 é ótimo ponto de partida).
- Inserir camadas sólidas abaixo de features internas.
- Testar fuzzy skin em amostras antes da peça final.
- Rodar Input Shaping (freq + damping) ou, se não der, VFA + Resonance Avoidance.
- Usar Remap Filament pra fechar a paleta final.
Perguntas Frequentes
O que é o Fill Multiline e por que isso importa?
É a possibilidade de formar cada traço do infill com várias linhas paralelas (2, 3, 5…), em vez de uma só. Comunidade: “era o que faltava” e “finalmente!”. Resultado típico: mais resistência com menos densidade e, muitas vezes, menos tempo de impressão.
Quando usar Fill Multiline?
Para peças estruturais (que levam carga): suportes, ferramentas, partes de robôs, ferragens, “wrenches” etc. Também brilha em cosplay (espadas, armaduras) e peças funcionais onde você quer rigidez e alívio de peso.
Quando não usar Fill Multiline?
Em peças de exposição/estética pura. Não é benéfico pra display prints.
Multiline substitui aumentar a densidade?
Muitas vezes, sim. Reduzir o % de infill e aumentar o nº de linhas pode obter peça mais forte e rápida. Ex.: 8–12% + Multiline 3 pode superar 20% com linha única.
Multiline funciona com qualquer padrão de infill?
Não com todos — funciona nos principais (ex.: rectilinear, gyroid), mas nem todos os padrões estão suportados.
Sempre ouvi que resistência vem das paredes, não do infill.” E agora?
As paredes seguem críticas, mas o infill certo (espessura/linhas/ângulo) apoia as paredes e melhora o conjunto. Multiline ajuda a “sustentar” melhor as cascas.
Caso de uso real?
Bandejas de plantas (gyroid com menos % e Multiline mantém a força e melhora o fluxo d’água), ferramenta de esgoto de trailer (ficou forte), peças do toolhead (ganha rigidez e permite mais aceleração).
Dá pra fazer “cercas/peneiras” mais fortes?
Sim. Com top/bottom = 0 e Multiline, você cria redes mais robustas do que com linha única.
Rotational Infill Template: pra que serve na prática?
Além do visual, é poderoso para alinhar resistência a direções específicas. Em indústrias (laminados compósitos), controlar orientação por camada ajuda a “programar” rigidez, empeno e propriedades. É um passo que aproxima o Orca de fluxos de manufatura avançados.
Insert Solid Layers ajuda em quê?
Em apêndices/pontos de fixação internos e topos que nasceriam “no ar”. Inserir camadas sólidas intermediárias cria uma base estável e aumenta força onde interessa.
As linhas visíveis ao trocar de infill pra sólido têm solução?
Mitigue com: imprimir paredes antes do infill, reduzir velocidade/fluxo nessas camadas, suavizar acelerações e checar o bridging flow. Em alguns casos, fuzzy skin discreto também disfarça.

